Em 2016, a obesidade e o excesso de peso afetava 41 milhões de crianças com menos de 5 anos, e mais de 340 milhões de crianças e adolescentes com idades entre os 5 e os 19 anos. Também na população portuguesa, em que se incluem as crianças do nosso Jamat, existem cada vez mais crianças com excesso de peso, estimando-se que 32.4% das crianças e adolescentes entre os 5 e os 19 anos têm excesso de peso.
Quais as causas do excesso de peso?
A obesidade e o excesso de peso desenvolvem-se pelo desequilíbrio entre as calorias consumidas pela alimentação e as calorias gastas, isto é, comemos demasiado para a energia que gastamos. Isto explica-se essencialmente por:
- Uma alteração na alimentação, com um aumento de ingestão de comidas processadas, ricas em gorduras e açucares e pobres em vitaminas, minerais e outros micronutrientes saudáveis. Um exemplo disto é a presença de refrigerantes e outros snacks com alto teor de gorduras, sal e açúcares, nas escolas e outros espaços onde as crianças passam muito do seu tempo.
- Uma tendência para a redução de atividade física nas crianças, com menos atividades ao ar livre, e uma alteração na forma de nos movermos nas sociedades urbanas. Um exemplo disto é o aumento do tempo passado em frente a ecrãs, sejam eles televisão, computador, tablets, smartphones, etc.
Riscos
As consequências da obesidade e excesso de peso não são imediatas, ainda que a parte estética possa ter impacto na forma como a criança se relaciona com os outros e na sua autoconfiança. Mas as principais consequências manifestam-se na idade adulta, com o aparecimento de doenças como a diabetes, doenças do coração, acidentes vasculares cerebrais (ou tromboses), doenças dos ossos e articulações e mesmo alguns tipos de cancros como o do endométrio (mucosa que reveste o útero), da mama e do sistema digestivo.
As doenças cardiovasculares e oncológicas são das maiores causas de mortalidade nos adultos. As doenças ósseas têm grande impacto na redução da qualidade de vida, principalmente entre as mulheres. Para além destas, a obesidade contribui para o aparecimento de outras doenças, como: a apneia do sono e outras doenças respiratórias, a depressão, a ansiedade e problemas de auto-estima. O excesso de peso limita ainda a atividade física, o que por sua vez contribui para o aumento de peso, portanto, é um ciclo vicioso.
Prevenção
O problema do excesso de peso é essencialmente um problema social, portanto, a prevenção passa por toda a sociedade. Ao contrário dos adultos, as crianças não escolhem o ambiente em que vivem, nem a comida que consomem, para além de que têm menos capacidade de compreender as consequências a longo prazo das escolhas que fazem ao dia de hoje. Como tal, a prevenção passa por toda a sociedade civil ao nível das escolas e espaços frequentados pelas crianças, pelos pais, pelos governos e pela instituição de políticas que vão no sentido de combate a esta epidemia, por cada um de nós.
A Responsabilidade dos Pais
As mudanças na sociedade são feitas de forma lenta, por isso a maior responsabilidade é dos pais e de quem cuida da criança. Os hábitos adquiridos pela criança serão fruto do ambiente em que crescem, sendo que a existência de hábitos saudáveis dentro de casa, no seio da família, serão a forma mais eficaz para a aquisição de hábitos saudáveis pela criança, tanto no que respeita a alimentação como à atividade física. Seguem-se algumas dicas úteis para os pais:
- Estabelecimento de horários para as refeições diárias, com porções razoáveis (i.e não muito grandes) e com alimentos de baixa densidade calórica e alto teor nutritivo (vegetais e frutas entre outros);
- Limitar os snacks em frente da televisão de modo a não promover o excesso do consumo;
- Evitar/Reduzir (mas não excluir por completo) a compra de alimentos altamente calóricos (chocolates, bolachas, batatas fritas, etc.);
- Envolver as crianças no planeamento, compra e preparação das refeições;
- Dar preferência à fruta, vegetais, laticínios com pouca gordura e carnes brancas (frango, peru, etc.), em detrimento de bolachas, fritos, refrigerantes e carnes gordas;
- Reduzir o consumo de bebidas açucaradas (tal como sumos de fruta e refrigerantes);
- Limitar o tempo em frente aos écrãs;
- Motivar as crianças para a prática de atividade física: nesta idade, a atividade física inclui brincar, jogos, a forma como nos deslocamos, para além da atividade física planeada como as aulas de educação física e os desportos. Por forma a melhorar o desempenho cardiorrespiratório, muscular e a saúde do osso, as crianças com idades compreendidas entre os 5 e os 17 anos deverão efetuar em média, pelo menos 60 minutos diários de atividade física moderada a vigorosa, sabendo que sempre que esta atividade se estenda para além dos 60 minutos, os benefícios para a saúde da criança aumentam.
Como saber se o meu filho tem excesso de peso?
O índice de massa corporal (IMC), uma relação entre o peso, em Kg, e o quadrado da altura, em cm, pode ser calculado e utilizado para parta determinar o percentil de IMC adequado à idade e género da criança. O percentil do IMC, compara o IMC da criança com outras crianças da mesma idade e género. Existem várias ferramentas para cálculo deste índice.
Em caso de excesso de peso, poderá ser procurada ajuda profissional, visto que o objetivo nesta faixa etária é reduzir a velocidade de ganho de peso, garantindo um crescimento e desenvolvimento adequados.
As crianças não devem ser submetidas a dietas restritivas para perda de peso sem consulta de um profissional de saúde. E lembre-se: a prevenção da obesidade infantil começa em casa e em cada um de nós!
"The Health Effects of Overweight and Obesity | Healthy Weight ...." 13 Aug. 2014, https://www.cdc.gov/healthyweight/effects/index.html. Accessed 5 Jan. 2020.
"Preventing Childhood Obesity: Tips for Parents - Health.NY.gov." https://www.health.ny.gov/prevention/nutrition/resources/obparnts.htm. Accessed 5 Jan. 2020.