A resiliência é a capacidade de recuperação durante ou após circunstâncias difíceis, em momentos em que parece que estamos “congelados” e que não somos capazes de reagir. É também a capacidade de adaptação a situações difíceis que não podem ser mudadas e/ou que duram um longo período de tempo. Conheça as estratégias para ser mais resiliente.

Quando somos resilientes podemos aprender com estas experiências, voltar a sentir-nos tão bem quanto antes e permitir que a nossa vida continue a prosperar. 

Alguns jovens enfrentam desafios mais sérios, como a desagregação familiar, doença ou morte de um familiar e bullying. E alguns têm mais desafios do que outros devido a dificuldades de aprendizagem ou deficiências, ou porque têm personalidades mais ansiosas. A resiliência é a chave que os ajudará a enfrentar esses desafios.

Os adolescentes podem construir a resiliência, desenvolvendo atitudes como autorrespeito, destreza social e organizacional e hábitos de pensamento positivo.  O apoio dos pais também é um alicerce crucial para a construção da resiliência do filho. Aliás, o fator mais comum para as crianças que desenvolvem resiliência é ter um relacionamento estável e comprometido com, pelo menos, um dos pais, um responsável ou outro adulto que o apoie.

As capacidades subjacentes à resiliência podem ser fortalecidas em qualquer idade. No entanto, o cérebro e outros sistemas biológicos são mais adaptáveis no início da vida. Não obstante, embora o seu desenvolvimento seja a base para uma ampla gama de comportamentos resilientes, nunca é tarde demais para construir resiliência. Atividades apropriadas para a idade e promotoras de saúde podem aumentar significativamente as hipóteses de um indivíduo recuperar de experiências que o induzem ao stress. Os adultos que fortalecem essas habilidades em si mesmos podem modelar melhor os comportamentos saudáveis para os seus filhos, melhorando assim a resiliência da próxima geração.

Quais as estratégias para sermos mais resilientes?

Os estudos identificam um conjunto comum de fatores que predispõem as crianças e jovens a obterem resultados positivos face a adversidades significativas. Os indivíduos que demonstram resiliência, em resposta a uma forma de adversidade, podem não necessariamente fazê-lo em resposta a outra. No entanto, quando essas influências positivas operam de forma eficaz, elas põem mais peso no prato positivo da balança e otimizam a resiliência em vários contextos. Esses fatores de contrapeso incluem:

  1. Um forte relacionamento de apoio entre adulto e criança/jovem;
  2. O acesso a oportunidades para que a criança/jovem fortaleça capacidades adaptativas e de autocontrolo (por exemplo, atividade física regular, práticas de redução de stress e programas que desenvolvem ativamente as funções executivas e as habilidades de autorregulação);
  3. A prática da fé e a mobilização de tradições culturais (ex: voluntariado).

EXEMPLOS PRÁTICOS

De seguida apresentam-se algumas técnicas para a construção da resiliência para os jovens (e adultos também):

1. Reformule a sua situação. Veja o lado positivo em vez do lado negativo de uma situação difícil. Olhe com uma perspetiva diferente para o mesmo problema.

2. Cultive o pensamento positivo e seja otimista. Quando se encontra numa situação de stress, é fácil pensar no que está errado. Ao invés disso, deve concentrar-se em coisas que correm bem e/ou pelas quais está grato. Pode ser tão simples como desfrutar de uma chávena de café ou ter uma boa conversa ao telefone com um familiar ou amigo.

3. Apoie-se na sua rede de familiares e amigos. Se estiver em contacto ou a falar com pessoas com as quais possa compartilhar as suas preocupações, elas funcionarão como uma ajuda para aliviar o stress.

4. Ria mais. Rir pode diminuir as hormonas do stress e estimular o sistema imunológico. Rir é contagioso!

5. Faça de si uma prioridade e melhore a sua saúde para combater o stress. O stress tem um impacto físico e emocional no seu organismo. Ao melhorar sua saúde, terá mais força para enfrentar situações desafiantes quando elas surgirem. Deve por isso:

  • Fazer atividade física - o exercício aeróbico ajuda a conter o stress, protegendo as células cerebrais e reduzindo a pressão arterial. Deve planear atividades de intensidade moderada como, por exemplo, uma caminhada ao ar livre.
  • Ter uma alimentação saudável - uma dieta composta por alimentos integrais saudáveis - vegetais, frutas, nozes, grãos inteiros e peixes - também pode combater a depressão, em comparação com dietas repletas de alimentos açucarados, processados ou fritos.
  • Dormir o suficiente - a privação de sono pode reduzir a função imunológica e levar a dificuldades de memória, de atenção e de tomada de decisões. Somos mais capazes de lidar com o stress quando estamos descansados. Dormir, pelo menos, sete a oito horas por noite é o ideal.

6. Medite. Praticar uma técnica de meditação neutraliza o stress, provocando uma resposta de relaxamento que ajuda a reduzir a pressão arterial, a frequência cardíaca, a frequência respiratória e as hormonas do stress.

7. Reduza o tempo dedicado aos equipamentos eletrónicos e às redes sociais. Reservar um tempo para se desligar dos e-mails, alertas e das redes sociais permitirá que possa interagir mais com os seus amigos e familiares e ajudará a reduzir os sentimentos de FOMO (“Fear Of Missing Out”) que as redes sociais costumam despertar. Isto reduzirá a sua ansiedade.

8. Participe em atividades proveitosas, que o façam sentir-se feliz, produtivo e que desafiem a sua criatividade.

9. Faça voluntariado. O significado e o propósito de ajudar outras pessoas ou a comunidade podem enriquecê-lo e torná-lo mais feliz. Escolas, locais de culto, organizações sem fins lucrativos e organizações de caridade de todos os tipos dependem de voluntários para obter ajuda em qualquer função.

10. Evite o uso de substâncias nocivas. É importante não recorrer ao uso de álcool e drogas. Muitas pessoas utilizam o álcool, tabaco e outras drogas para se sentirem mais felizes, mas na realidade o uso destas substâncias pode atrapalhar a sua capacidade funcional no trabalho, na escola e até de manter uma vida familiar estável e lidar com as dificuldades da vida.

Se vir que mesmo com estas técnicas não se sente melhor recorra a um profissional de saúde licenciado, com um psicólogo. Procurar ajuda é um sinal de força e não de fraqueza!

Assim como requer esforço para construir e manter a saúde física, o mesmo ocorre com a saúde mental.