No Centro Ismaili, a relação entre a estrutura viva e a estrutura inerte é muito forte e permanente, sendo um conceito fundamental em toda a conceção do projeto.
Nos vários pátios existe sempre a presença de vegetação, seja em potes seja em pequenos jardins, mas essa situação tem de ser gerida para não causar inconvenientes ao edifício. No caso do Pátio Primavera, as paredes de pedra vestem-se de verde e de flores durante parte do ano. Mas não podemos esquecer que as plantas têm uma estrutura que pode ser significativamente pesada… Por isso, é fundamental gerir o excesso de material e tentar combinar o nível estético com o técnico.
Nesta imagem, podemos observar a figueira-trepadeira ou unha-de-gato (Ficus pumila, também designada por F. repens), uma planta de folhagem permanente que reveste a parte central da fachada voltada a nascente do Pátio Primavera. É originária do Este da Ásia (China, Japão, Taiwan e N Vietname), mas adaptou-se bem no nosso país, sendo muito usada para fins ornamentais.
Esta espécie tem a particularidade de se desenvolver em duas fases distintas: cresce de forma lenta e discreta durante os primeiros anos de vida, com pequenas folhas ovadas ou triangulares que aderem às superfícies inertes, criando uma estrutura vertical plasticamente muito interessante; ao fim de 9-10 anos, as folhas tornam-se bastante maiores (com o dobro ou o triplo do tamanho), o caule torna-se robusto e lenhoso com muitas ramificações e pode frutificar com pequenos figos verdes (esta planta pertence ao grupo das figueiras, mas não é comestível, apresentando mesmo toxicidade).
Nessa altura, será necessário podá-la de forma a que a sua estrutura não danifique o revestimento do pátio e a sua estrutura de fixação. Mas até lá, podemos continuar a apreciar a forma como abraça a pedra e envolve os vãos das janelas, criando sugestivos quadros vivos.