Os voluntários têm sido uma parte estruturante na evolução da comunidade Ismaili em Portugal desde o estabelecimento do primeiro Jamatkhana no Areeiro em 1975, até a abertura do Centro Ismaili de Lisboa em 1998 e, mais recentemente, dando as boas-vindas ao Jamat global para as celebrações do Diamond Jubilee, em 2018.
Uma tradição de longa data na história Ismaili, o voluntariado está diretamente ligado ao serviço, à generosidade e à entreajuda - valores fundamentais da nossa fé. Mawlana Hazar Imam realça constantemente a importância dos voluntários para o bom funcionamento dos Jamats em todo o mundo, reconhecendo e admirando a participação de todos os voluntários no sucesso das instituições Jamati e Imamat.
“Tenho a sorte de guiar uma comunidade internacional com uma forte consciência social", disse Mawlana Hazar Imam, num discurso proferido em Berlim, na Alemanha, em outubro de 2005.”
“Os Ismailis têm uma longa tradição de filantropia, auto-superação e serviço voluntário. Onde quer que vivam, eles respeitam fielmente a ética do Quran de uma humanidade comum e da dignidade do Homem. De forma voluntária, partilham o seu conhecimento e recursos com todos aqueles que compartilham a nossa ética social para ajudar a melhorar a qualidade de vida de homens, mulheres e crianças menos favorecidos.”
O Jamat português tem se esforçado para seguir esta ética desde que se estabeleceu em Portugal há mais de 40 anos, vindo de África, trazendo consigo a tradição de serviço passada de geração em geração.
Nasser Carimo é um voluntário português que serve há mais de 30 anos. Acredita que todo o voluntário deve ter certas características para produzir um impacto positivo na comunidade. “Mais do que tempo e paciência, um voluntário deve ser organizado, ter disciplina e tolerância… Devemos começar devagar e executar todas as nossas tarefas com amor, compromisso, brio profissional e humildade. Assim que entrarmos nesta vida de serviço, iremos sentir o seu impacto em todas as nossas dimensões mentais, psicológicas e espirituais. ”
A história dos voluntários Ismailis em Portugal começou em Moçambique, uma ex-colónia portuguesa, casa de milhares de murids antes destes deixarem a África Oriental, nos anos 70.
Perine Jiná é uma de muitas Ismailis que começou a servir em Moçambique desde que era criança, ao ter-se juntado aos Brownies, um grupo de jovens voluntários que serviam sempre que necessário. Perine tinha apenas nove anos e, tal como os escoteiros de hoje em dia, os Brownies servem continuamente com amor e felicidade, em harmonia com a natureza e o meio ambiente.
“A minha mãe foi voluntária e ao crescer aprendi que o voluntariado faz parte de nós, parte da nossa fé e parte da nossa identidade. Tudo o que fazemos vale a pena quando nos sentimos realizados, quando sentimos que contribuímos e que ajudamos os outros. Quando realizo trabalho voluntário, sinto-me feliz e satisfeita e sinto que tudo na vida é e corre melhor. É um sentimento inexplicável, especialmente quando nos entregamos de corpo e alma a tudo o que fazemos.”
Perine também serviu como voluntária durante os Silver, Golden e Diamond Jubilees de Malwana Hazar Imam, algumas das experiências mais marcantes e enriquecedoras da sua vida.
“Foi bastante cansativo – acho que não dormi durante três dias. Porém, foi a possibilidade de servir o nosso Imam e a nossa comunidade que me deu a motivação para continuar” afirma Perine, que espera continuar a ser voluntária nos próximos anos.
Os membros mais jovens do Jamat também contribuem com entusiasmo. O voluntariado desde tenra idade é um valor que tem sido incentivado pelas gerações mais velhas ao longo do tempo. Dedicar tempo e esforço para ajudar os outros, dentro e fora do Jamatkhana, fazer parte da equipa dos sapatos, da cozinha ou simplesmente ajudar os outros, são apenas alguns exemplos. Ao caminhar pelo Centro Ismaili de Lisboa, é comum encontrarmos os jovens escoteiros a executar as suas atividades ou a aprender novas habilidades.
Samir Ismail, 20 anos, é voluntário há mais de três anos. Descreve o voluntariado como um valor único na comunidade Ismaili.
“O voluntariado permite-me usar as minhas habilidades para servir a comunidade, tendo um impacto direto na vida das pessoas e na realização de objetivos institucionais, para além de ser uma oportunidade de aprendizagem e de enriquecimento pessoal”, afirmou.
“O momento mais feliz que já experienciei como voluntário Ismaili foi definitivamente a Celebração do Diamond Jubilee, em Lisboa. O trabalho árduo e incondicional de todos os voluntários - de diversos países - resultou num evento único e incomparável. Foi um marco significativo na história da nossa comunidade que criou um legado a ser continuado pelas gerações futuras.”
Samir acredita que o voluntariado teve um impacto positivo na sua vida e reconhece a sua importância no seu desenvolvimento pessoal.
“O voluntariado tornou-se uma parte fundamental na minha vida como forma de exercer o meu papel de cidadão. Ajuda-me a ser criativo, solidário e permite-me reconhecer os meus problemas, atuando rápida, considerada e eficazmente na sua resolução. Ajuda-me a desenvolver capacidades como a auto-confiança, a responsabilidade e o espírito de equipa.”
Rizvana Sadrudin é voluntária desde os seus 18 anos e sente-se realizada quando serve. Rizvana encoraja as pessoas a juntarem-se ao Corpo de Voluntários Ismaili, à medida que o Jamat em Portugal continua a crescer.
“Aos membros mais jovens do Jamat, eu gostaria de vos dizer para se tornarem voluntários. Não apenas porque precisamos de mais voluntários, mas também porque os mais jovens trazem novas e diferentes habilidades. Ser voluntário irá beneficiar as vossas vidas, a maneira como vêem o Mundo e o modo como o encaram. É uma experiência enriquecedora e uma fonte de conhecimento.”
Por todo o Mundo, os voluntários Ismailis devem certamente ter orgulho neles próprios, pelo seu serviço, tempo, generosidade, esforço e inúmeras contribuições. Como disse Khalil Gibran “Damos pouco quando partilhamos os nossos bens materiais. É quando partilhamos um pouco de nós que realmente damos.”