Talvez poucas pessoas tenham reparado, mas nos últimos anos fazemos uma combinação pouco usual nos jardins: no meio de um relvado com manchas de flores, encontram-se ervilhas a crescer!

Todos os anos, no final do outono, a área central do relvado do Jardim dos Jacarandás, habitualmente ocupada por flores de Cosmos, dá lugar a uma pequena cultura de ervilha. As sementes foram deitadas à terra em dezembro e, neste momento, as vagens estão maduras e prontas a colher.

Esta planta hortícola é muito fácil de cultivar e desenvolve-se bem durante o inverno, o que faz dela um ótimo complemento aos Cosmos, que apenas brilham no verão. Além disso, tanto as ervilhas como os Cosmos se cultivam por sementeira direta (não necessitam de transplante), pelo que a instalação é muito simples e económica.

A ervilheira pertence ao grupo das leguminosas (ou fabáceas), o que significa que é uma planta fixadora de azoto ao nível da raiz, o que contribui para o enriquecimento do solo. Para este efeito ser potenciado, após a colheita a planta deve ser enterrada para os nutrientes se manterem no solo, sendo esta prática muito comum na agricultura biológica. Para além desta capacidade, as ervilheiras conseguem também, graças às suas raízes profundas, captar nutrientes das camadas mais fundas da terra que de outra forma se perderiam.

Mas do ponto de vista ornamental, parece-nos também uma excelente opção - oferece uma cobertura de solo razoável, com um porte bem controlado (neste caso foi usada uma variedade rasteira, ou seja, que não necessita de estrutura de suporte para trepar, como acontece noutras variedades).
Por fim, a ervilheira tem uma floração muito delicada de cor branca que atrai os insetos polinizadores (fundamentais para o desenvolvimento dos seus frutos), o que se converte num enriquecimento da vida do jardim.