Uma sociedade civil vibrante e competente é a pedra angular de uma nação saudável e próspera. É onde as próprias pessoas trabalham para criar mudanças e construir uma sociedade melhor, em vez de depender exclusivamente do governo para fazê-lo. Esta noção apareceu pela primeira vez na Grécia e Roma Antigas e tornou-se um a componente essencial para uma sociedade moderna funcionar em qualquer parte do mundo.
Durante um discurso proferido em Kabul, em 2017, Mawlana Hazar Imam definiu sociedade civil como “Um domínio de atividade que não é nem governamental nem comercial, instituições designadas para promover o bem público, mas alimentadas por energias privadas.”
Quando os governos são frágeis ou incapazes de responder às necessidades dos seus cidadãos, as organizações da sociedade civil podem preencher este vazio. Poderá ter um grande impacto, proporcionando às pessoas cuidados básicos de saúde, educação e abrigo; ou ajudá-las a aceder a crédito para expandir um pequeno negócio, por exemplo.
Em nações onde o governo está mais estabelecido, os esforços de um setor robusto da sociedade civil são igualmente importantes; grupos de direitos dos trabalhadores, como sindicatos de professores ou associações médicas, defendem tratamento justo, enquanto grupos ambientalistas promovem práticas de vida sustentáveis.
As instituições da sociedade civil também podem assumir a forma de meios de comunicação e organizações artísticas que comunicam e partilham conhecimento, ou empresas sociais que geram ideias inovadoras. Elas podem ser tão pequenas como um projeto de auto-ajuda num bairro, ou tão grandes como uma ONG internacional ou as Nações Unidas.
Para o bem-estar de todos os indivíduos e comunidades, é importante que os princípios cívicos desempenhem um papel de liderança no futuro de todas as populações. No entanto, em muitas partes do mundo, a sociedade civil sofre com a falta de conhecimento técnico, de recursos financeiros e humanos. As instituições do Jamat e a AKDN vêm construindo organizações há várias décadas para colmatar essas lacunas e permitir que as pessoas nessas regiões gerem progresso e melhorem a sua qualidade de vida.
Mawlana Hazar Imam também destacou o voluntariado como um dos princípios-chave de uma sociedade civil saudável. Num discurso na Universidade Brown, em 2014, disse: “Uma das forças energizantes que torna possível uma sociedade civil de qualidade é a prontidão dos seus cidadãos de contribuir com os seus talentos e energias para o bem social. O que é necessário é um profundo espírito de serviço voluntário, princípio valorizado na cultura Shia Ismaili”.
Vários Jamatscolocaram esse princípio em prática e formalizaram o seu compromisso com o serviço voluntário através de um vasto leque de iniciativas.
No rescaldo do furacão Harvey, que avassalou a cidade de Houston, no Texas, em 2017, o Jamat do Sudoeste dos EUA mobilizou um grupo de mais de 2500 voluntários para auxiliar os cidadãos desalojados e ajudar na sua recuperação. Durante a evacuação, o Jamatkhana e o Centro Ismaili de Sugarland foram abertos como um local de acolhimento para as famílias deslocadas. Os voluntários trabalharam dia e noite para garantir a segurança de centenas de moradores locais, servindo refeições, entregando mantimentos e ajudando na limpeza.
O Jamat no Canadá contribuiu energicamente para a essência da sociedade durante um período de 50 anos. Mais recentemente, o National Council do Canadá lançou o Ismaili CIVIC, um compromisso de contribuir para a qualidade de vida de todos os cidadãos canadianos, e para exemplificar os valores de paz, de compaixão e cuidado. As atividades variam desde a plantação de árvores e explicações, à manutenção de espaços públicos e cuidar de idosos. Durante o 150º aniversário do Canadá, no ano passado, os Ismailis de todas as idades prometeram e entregaram mais de um milhão de horas de serviço voluntário, ilustrando a sua dedicação à cidadania ativa.
Já em Portugal, na sequência dos trágicos incêndios que ocorreram no verão de 2017, três escoteiros do Grupo 36 procederam à plantação simbólica de algumas dezenas de Pinheiros Mansos e Bravos com o objetivo de auxiliar na reflorestação do Pinhal de Leiria, área fortemente afetada pelos trágicos acontecimentos.
Os Ismailis de todo o mundo estão a participar em esforços para fortalecer a sociedade civil e habilitar os voluntários para melhor se envolverem e servirem as comunidades nas quais vivem, substituindo, deste modo, o medo pela esperança, a crise pela oportunidade e a pobreza pela prosperidade a longo prazo.