Vivemos uma situação nova e exigente a vários níveis. Teletrabalho e ensino à distância a somar às tarefas domésticas, atividades familiares e gestão financeira e familiar que já existiam: mas onde estará o equilíbrio?
Antes de tudo, tomemos consciência de que todos somos diferentes e de que cada família vive a sua própria dinâmica, pelo que receitas há poucas. As considerações abaixo podem servir para encontrar o tão procurado equilíbrio, mas ninguém melhor do que os próprios membros da família para, de braços dados, deslindar este desafio. Seguem então algumas estratégias:
A. (Re)Organização! Reflita, planeie, execute e avalie. Repeat. Sim, pode parecer rebuscado, mas, afinal, esta é uma situação espinhosa e mais vale pôr tudo o que sabemos em prática! Organizar os espaços de trabalho/estudo de cada um é extremamente importante. Organizar como o tempo é usado por cada membro da família, com planos do dia, emparelhando os mais velhos com os mais novos, ajuda a gerir a ansiedade e a prevenir imprevistos. Moderar o tempo de trabalho para dar espaço ao lazer é crucial para manter a boa energia de todos.
Dicas:
- Não se esqueça que os mais pequenos precisam muito de brincadeira livre, seja sozinhos ou com outros.
- Planeie os momentos de lazer e de prática da fé.
- Lembre-se que somos mais produtivos de manhã, pelo que pode usar isso a seu favor quando planear o seu dia.
B. Flexibilidade e Autonomia. Às vezes, vamos ter de fazer o pino, sim. Talvez possa pensar em compensar o trabalho fora do horário de expediente (desde que não prejudique a saúde mental), mas não é só isso que irá requerer alguma ginástica. Mostre-se aberto às sugestões de todos, isso trará motivação e tranquilidade na realização das atividades. Pode também alterar o plano, caso a motivação comece a esvair-se. Cheguem a um consenso e todos ficarão mais satisfeitos. Reflita sobre os vários momentos do dia para criar maior autonomia na realização das tarefas por parte dos vários membros da família. Yes, we can! Repensar algumas tarefas domésticas também pode ser útil para que tomem menos tempo do nosso dia.
Dicas:
- Adeque as tarefas às características de cada um, como tarefas com maior exigência física para quem é mais enérgico ou permitir que algumas tarefas académicas sejam feitas de pé pelos mais irrequietos.
- Cozinhar em maior quantidade e congelar uma parte é útil para os dias de maior stress.
- Deixar os snacks das crianças à mão, para que estas sejam autónomas ao pequeno-almoço e lanche.
C. Responsabilidade… Regras, limites e responsabilidades bem definidos irão permitir ver melhor o caminho a seguir. O meu espaço e o teu, o meu tempo de trabalhar/descansar e o teu, as tarefas à minha responsabilidade e à tua - chegar a acordo sobre estes e outros temas é essencial para a máquina ficar bem oleada. As tarefas domésticas terão de ficar só a cargo dos adultos? Pois não, vamos então delegar, cada um pode fazer o que conseguir e, assim, todos contribuem e retiram algum peso de cima dos adultos.
D. Comunicação (eficaz, claro). Family meeting! Nada disto tem valor se não for acordado entre todos. De facto, se o plano é para a família, todos têm de ter voz. E se algo não for do agrado de alguém, ou se não resultar como previsto, a comunicação trará benefícios no reajuste do dito plano.
E. Descanso é essencial. Sim, é preciso cuidar de nós e das relações. De facto, estar 24 sobre 24 com as mesmas pessoas, a cumprir sempre a mesma rotina, torna-se extenuante, portanto façam intervalos, revezem entre vós e sejam inventivos. Criatividade é a chave! E que tal começarem o dia com uma mini sessão de alongamentos? Porque não criar o domingo dos museus, com a família toda aperaltada para assistir a uma visita virtual e fazer uma experiência científica de seguida? Ou planear 20 minutos por dia para estarem sozinhos, relaxar e revitalizar o corpo e a mente? Fácil, não é? Não, de todo! Mas chegaremos lá. With challenge, comes change. E a mudança pode tornar-se numa oportunidade para sermos melhores. Todos sabemos que o ser humano é dotado de uma capacidade fantástica denominada “jogo de cintura” ou “malabarismo” (adaptabilidade, para quem fala calão), mas, até conseguirmos estabilidade, demora o seu tempo. Temos plena consciência de que fazemos o nosso máximo e o sucesso vem na sequência de tentativas (algumas infelizes). Bolas irão rolar pelo chão, mas, como diz o outro: Resiste, Insiste, Persiste. Vamos recomeçar!
Por Soraia Juma
Sobre a autora: Soraia Juma é membro do Aga Khan Education Board for Portugal, mãe de 2 formigas rabigas, licenciada em Reabilitação Psicomotora e Mestre em Educação de Infância O Aga Khan Education Board convida-vos a partilhar questões, comentários, ideias ou propostas de temas a abordar através do endereço [email protected]