Hoje partilhamos consigo o nono artigo da rúbrica “Relação Pais-Filhos”, escrito pela enfermeira Mónica Pinho, com o tema "Estão prontos para outro?".

Ninguém pode responder a essa pergunta a não ser o próprio casal e há muito a considerar. Esta decisão envolve muito pensamento, tal como planear quando parar de usar o controlo de natalidade ou determinar quanto tempo tirar do trabalho.

Com cada criança nova, irão refletir sobre como esse bebé vai afetar o seu estilo de vida, finanças, trabalho, relacionamentos e, claro, os outros filhos.

Claro que quase todos - desde médicos e cientistas até aos seus amigos e vizinhos - têm uma opinião sobre o timing do bebé e o tamanho ideal da família. É importante pesarem os prós e contras e depois decidir.

Quando é a melhor altura para ter outro filho?

Alguns casais preferem esperar pelo menos alguns anos. Assim, os outros filhos recebem muita atenção individual e têm idade suficiente para compreender como outra criança vai mudar as coisas. Outros veem um benefício em ter filhos de idades próximas para que possam ser companheiros de brincadeira - e por isso não vão criar crianças pequenas durante anos e anos.

Em termos das relações das crianças com os pais, da rivalidade entre irmãos e da sua própria autoestima, os bebés que ainda não têm 18 meses quando recebem um irmão ou irmã não têm noção do seu estatuto exclusivo, por isso estão menos aptos a ressentir-se de um recém-chegado.

Por outro lado, no que diz respeito à saúde do seu bebé, esperar dois ou três anos antes de engravidar novamente pode aumentar as probabilidades um pouco a favor do seu bebé: estudos sugerem que engravidar menos de 18 meses após o nascimento do seu primeiro filho pode tornar mais provável que o seu segundo filho nasça mais cedo ou pequeno para a idade gestacional. A pesquisa também sugere que uma gravidez dentro de 12 meses após cesariana aumenta o risco de rotura uterina.

O corpo da mãe precisa de tempo para repor vitaminas e nutrientes antes de dar à luz novamente. Portanto, quer esteja grávida ou planeie engravidar, consulte o seu médico mais cedo para obter os cuidados e conselhos certos, mantenha uma dieta equilibrada, tome vitaminas pré-natais com ácido fólico e mantenha o seu corpo o mais saudável possível.

Esperar mais de cinco anos para ter mais um filho também é menos que o ideal. Alguns estudos mostram que o baixo peso do nascimento, o parto prematuro e o tamanho menor são mais prováveis em bebés cujas mães engravidam depois dos 35 anos. O risco de desenvolvimento de pré-eclampsia também é maior depois desta idade. Para uma decisão ponderada, aqui estão outras questões a ter em conta:

O vosso estilo de vida

Estão numa boa rotina com os outros filhos? Têm um bom sistema de acolhimento de crianças? Estes são fatores importantes quando se está a pensar em ter mais um. Considerem se a disponibilidade familiar corresponde ao que um bebé necessita ou se serão necessários ajustes na dinâmica familiar. Não há nada melhor que que possa dar a um filho do que um/a irmão/irmã e o dinheiro não é tudo mas, certamente, ajuda quando se está a criar uma família. Muitos pais e mães têm mais dificuldade em acompanhar o trabalho a tempo inteiro após aparecer o segundo ou terceiro filho. Podem pedir flexibilidade de trabalho se isso for vantajoso para a vossa família.

A perspetiva pessoal

Infelizmente, a idade dos pais importa, especialmente para as mulheres. Se tem mais de 38 anos e querem mais filhos, provavelmente será preferível não esperar muito mais. Fale sobre a questão da idade com o seu parceiro. Concorda com o seu parceiro? Às vezes, um parceiro está pronto e o outro não. É difícil estarem sempre sincronizados. Isto pode ser complicado de resolver, mas o primeiro passo é começar a falar das vossas diferenças. Sentem-se juntos e discutam os vossos pontos de vista. Pode ajudar a falar com outros casais na mesma situação e discutir sobre o que que mudou, muito provavelmente para melhor, com a chegada de mais um!

por Mónica Pinho

Sobre a autora: Monica Pinho tem 40 anos, é mãe de duas crianças, enfermeira, parteira e conselheira em aleitamento materno.