Vivemos o dia-a-dia numa boa e atarefada corrida. Talvez agora menos acelerada devido à pandemia, que nos imobilizou em muitas das nossas apressadas responsabilidades. Mas nessa corrida do dia-a-dia, mais ou menos acelerada, certamente que já deve ter dado por si a refletir sobre algumas questões…

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O que pode fazer hoje para colher frutos de felicidade amanhã?

Um dos estudos mais longos conduzido com seres humanos, com o objetivo de entender o que mantém as pessoas saudáveis e felizes ao longo da vida, liderado pelo famoso psiquiatra Robert Waldinger, já nos deu parte dessa resposta. Este estudo, desenvolvido na Harvard Medical School e focado no desenvolvimento adulto, acompanhou a vida de 724 homens americanos, em alguns casos ao longo de praticamente 80 anos, tendo verificado que não foi a condição de saúde física que tornou as suas vidas mais longas, tal como também não foi a capacidade económica que os tornou mais felizes. Verificou-se que a solidão e a depressão matam, provavelmente tanto como o tabaco e o álcool, e que ter más relações com os parceiros e os demais é tão prejudicial como não as ter.

Por outro lado, confirmou-se que a felicidade aumenta a esperança média de vida. Neste contexto, já o sábio Aristóteles diz, na sua obra “Ética a Nicómaco”, que a felicidade é como o bem supremo que pode ser obtido através da ação humana. E que ação humana podemos ter para tornarmo-nos idosos com vidas mais longas e mais felizes?

Somos seres sábios e somos seres de relações. Somos humanos e a nossa felicidade depende muito das relações que estabelecemos ao longo da vida. Criar e estabelecer boas relações com as pessoas que nos rodeiam são excelentes preditores de uma vida longa e feliz. E quem o conclui é Robert Waldinger, com a referida investigação que liderou. Apesar da panóplia imensa de dados que este estudo gerou, este é um dos achados mais robustos e, talvez, dos mais destacados desta longa investigação.

Portugal, à semelhança da maioria dos países europeus, tem uma elevada taxa de depressão nas pessoas idosas. Temos, por isso, idosos cada vez mais sós e cada vez mais isolados. Se queremos contrariar esta tendência, uma excelente estratégia para preservarmos a nossa saúde mental e enriquecer a nossa felicidade de viver, é criar e manter boas relações ao longo da vida.

Portanto, a receita é simples. Na boa e atarefada corrida da vida, procure estabelecer boas relações com a sua família, com os seus amigos e demais pessoas com que se cruza… e preserve essas relações! Elas ajudarão a preservar a sua saúde e serão certamente prelúdios de uma vida longa, mais saudável (pelo menos mentalmente) e feliz.

Concentre-se nas habilidades. Os adultos mais velhos que se concentram no que podem fazer e o consideram gratificante (em vez do declínio nas habilidades), são mais felizes. 

Esteja ativo. O envolvimento ativo na vida por meio de atividades físicas, mentais e sociais é uma componente-chave do envelhecimento bem-sucedido e da satisfação com a vida.

Acentue o positivo. À medida que as pessoas envelhecem, tornam-se melhores em regular as suas emoções e em encarar as experiências e desafios com uma atitude positiva, de acordo com o Stanford Centre on Longevity Study. Em testes de memória, os adultos mais velhos relembraram mais imagens positivas do que imagens negativas, em comparação com adultos mais jovens. Ao ver fotos de pessoas a sorrir ou carrancudas, os adultos mais velhos também se lembraram dos rostos sorridentes mais rapidamente.

Voluntarie-se para se sentir bem. Sentir-se valorizado ou necessário aumenta o bem-estar.

Aprenda a cada dia. A aprendizagem contínua e ao longo da vida aumenta a satisfação com a vida e a felicidade dos seniores, melhorando a sua saúde física e mental.

Cuide da sua aparência. Só porque está a envelhecer, não significa que não possa fazê-lo com estilo.

Ria e muito. O riso atua contra o stress, estabilizando o ritmo cardíaco e diminuindo a tensão arterial. Para além disso, diminui a agressividade e ajuda a desdramatizar situações. Afinal, não é à toa que se diz que rir é o melhor remédio.

Fonte: https://outline.com/rJHR22