Começa por cruzar acontecimentos históricos das esferas social, política e educativa que nos trazem às diversidades que encontramos hoje no quotidiano português, particularmente no contexto da escola.
Refletindo sobre o passado, por forma a garantir a educação para todos, a escola tradicional portuguesa foi criada com um currículo “pronto a vestir, de tamanho único”. A organização da escola, o currículo e a pedagogia são então caracterizados pela simplificação, sistematização e estandardização de processos. Instala-se a escola burocrática, indiferente perante as diferenças. Tudo igual para todos, como se se tratasse de um só. Contudo, “a educação básica só é para todos quando todos têm voz”. O autor reforça que “as crianças não são de tamanho único. São seres humanos em crescimento que partilham muito com os outros, têm similitudes, mas têm mundos de pertença familiar e cultural onde já começaram a desenvolver a sua identidade. Essa identidade tem de ser respeitada desde a creche”.
O autor faz referência à crescente diversidade da sociedade portuguesa, que alimenta a diversidade no ambiente escolar, seja pela origem geográfica, socioeconómica, étnica ou ainda pela funcionalidade e competências do aluno (mais acentuada desde a recente inclusão de alunos com necessidades educativas especiais na escola regular). “Neste século passámos da escola para todos para a escola para todos e para cada um”.
Vivemos numa sociedade multicultural. E o professor é claro: valorizar a diversidade torna a sociedade coesa.
“Na abordagem pedagógica, a diversidade cultural é vista como uma riqueza a explorar”, através do diálogo intercultural, não só mantida dentro dos limites da sala e da escola mas incentivando também o envolvimento das famílias na escola e também na comunidade.
O professor termina com o pensamento do sociólogo Edgar Morin: “Construir uma escola que quer educar para a compreensão requer uma reforma de mentalidade que valoriza a ética do género humano, sem a qual talvez não possamos sobreviver como espécie”.
Quer saber mais? Leia o artigo completo aqui.
Resumo de artigo escrito da autoria de:
Prof. Dr. João Formosinho
Professor catedrático aposentado da Universidade do Minho e professor da Universidade Católica Portuguesa. Fundador e Presidente da Associação Criança. Membro da EECERA (European Early Childhood Research Association). Tem colaborado no desenvolvimento de políticas públicas para a educação em Portugal e tem sido avaliador internacional de programas e centros de formação e pesquisa. Tem publicado nacional e internacionalmente nas áreas de administração educacional, políticas para a educação básica, formação de professores, sociologia da educação e
educação de infância.