Conviver com os meus pensamentos
Acordei, espreguicei-me. olhei pela janela e lembrei-me: hoje é domingo! Está um radioso dia de Sol. Saltei da cama, arranjei-me acelerada e fui buscar os cereais que fazem a minha delícia matinal. Fui para a varanda do meu sexto andar e sentei-me no meu lugar favorito da casa: o meu baloiço de ráfia.
Está uma manhã mesmo quente! São 10 horas e já sinto o sol a aquecer a minha cara. Enquanto como o pequeno almoço estaladiço, observo o que se passa na rua. Gostaria de vos dizer que a minha vista era um cenário de livro de princesas, com um cenário verdejante a perder de vista, lindas casas e palacetes, mas não é... Vejo um bairro muito antigo e com aspeto muito pobre logo em frente à minha casa. Sei que vive lá uma menina chamada Sara, não que eu a conheça, mas sei o seu nome porque a mãe dela está sempre a gritar por ela! Saaaaraaaa!!
Ao lado da casa dela está outra que parece abandonada. É uma casa triste, com telhas estragadas, plantas mortas e coberta de “grafitis”. O telhado está desfeito e não há paredes... Há coisas que representam alegria e felicidade, mas o que se observa da minha janela significa simplesmente tristeza e solidão. Eu não gosto de tristeza e solidão por isso prefiro olhar para a casa da Sara! E também para o jardim do meu condomínio.
Adoro observar as pessoas que passam lá em baixo. Fico à espera de ver alguém e imagino como será a vida daquela pessoa. Querem saber como? Aqui vai!
Passou uma mulher alta de saltos altos, tinha cabelo ruivo e encaracolado. Imagino que tenha uma família feliz. Deve trabalhar num escritório de advogados e todos a devem adorar
Passou também um senhor velhinho, quase careca, com a bengala numa mão e um saco na outra. Deve ter vindo da mercearia. Sozinho...Deve ser viúvo, com filhos crescidos e deve ter trabalhado no ramo automóvel. Anda sempre bem vestido e tem 2 netos!
Gosto muito de olhar para as pessoas e imaginar a vida de cada um. É engraçado como as pessoas pela sua maneira de estar, falar e andar transmitem ideias e opiniões às outras pessoas. Coisas verdadeiras ou falsas? Costuma-se dizer: as aparências iludem! Pela aparência nunca sabemos... Nem sempre conseguimos saber quem são as pessoas verdadeiras.... Podem estar mesmo à nossa frente, podem estar na mesma escola que nós ou podem simplesmente viver do outro lado da vedação. Por vezes há coisas que nos escapam...
Será que quando olham para mim os meus vizinhos também imaginam quem eu sou? Também imaginam que tipo de pessoa sou só por olharem para mim? Provavelmente sim... As pessoas julgam-se umas às outras sem se darem uma oportunidade de se conhecerem.
Espero que este isolamento acabe rápido! Para que eu possa voltar a conviver com as pessoas e não só com os meus pensamentos!! E quem sabe um dia conhecer realmente a Sara e todos os meus vizinhos!
Watermelon
