Artigo por Daniel Lança Perdigão
Dificilmente uma sessão online pode ser tão fluída como uma conversa, aula ou reunião presencial, mas trata-se de uma solução fabulosa sempre que as pessoas não podem estar juntas pela distância (custo e tempo de deslocações) ou por questões de segurança sanitária, como é o caso durante a atual crise da COVID-19.
Sempre me apercebi de quem estava “presente” apenas fisicamente, pela sua linguagem corporal ou forma como faziam as suas intervenções quando interpeladas, ou mesmo através de supostos “problemas” com a câmara ou microfone, e sempre considerei essas atitudes como falta de respeito ou desinteresse. Nesses casos, vale mais não estar presente...
No caso das vídeo-aulas, estar presente é a única possibilidade. Por isso, optei por refletir sobre algumas boas práticas a que professores, formadores e alunos, podem aderir para ajudar a obter melhores resultados, com menor esforço ou sacrifício de todos.
Algumas recomendações simples para professores e formadores:
- Estudar bem a tecnologia em uso – alguém irá pedir ajuda ou esclarecimentos.
- Estar sempre disponível a ajudar – nem todos dominam a tecnologia.
- Responder a dúvidas de imediato ou num prazo máximo de um dia útil.
- Em todas as sessões, dar boas-vindas calorosas e sentidas – talvez uma breve atividade quebra-gelo.
- Foco na aprendizagem ativa – quando online, ainda há menos “paciência” para grandes leituras ou palestras, que se devem minimizar. As atividades têm que ser diversificadas e utilizadas com frequência.
- Quando for preciso falar durante algum tempo, será bom utilizar variações tonais interessantes, gestos e apresentação de algo visual, para manter a atenção.
- Máxima clareza nas instruções e nas datas de entrega de trabalhos e atividades.
- Enviar um aviso na véspera das datas de entrega, a todos os que ainda não cumpriram, pode ajudar.
- Trabalhos em modo assíncrono (fora da vídeo-aula) devem estar relacionados com a sessão síncrona (vídeo-aula) anterior, ou com a próxima, e o tempo de realização deve ser bem calculado pelo professor/formador.
- Dar feedback/avaliação aos trabalhos submetidos num prazo razoável e curto - ajuda a evitar desmotivação.
- Estar presente física e mentalmente é fundamental – é melhor resolver todos os pendentes antes ou agendar outra hora para o fazer.
- É preciso diversificar na forma de cativar a atenção: vídeos personalizados, trabalhos visuais, jogos criativos e até competitivos, pedir trabalhos a apresentar de formas diversas (escrito, gravação de voz, vídeo, desenho, montagens, etc.), promoção de interação (trabalhos em grupo), desafios, questionários, trabalhos de investigação na net, etc.
- Pedir opinião sobre o tipo de trabalhos propostos e pedir ideias de como os alunos gostariam de apresentar trabalhos e ser avaliados, leva a que haja mais interesses comuns.
- Quando seja promovida discussão de temas, o professor/formador deve participar ativamente e deixar fluir as ideias livremente.
Algumas notas simples para alunos (e também professores):
- NÃO GRITAR – maiúsculas no chat têm esse efeito.
- Sarcasmo – há sempre um retorno (negativo).
- Não convém abusar das mensagens no chat – quem conseguirá ler tudo?
- Antes de colocar uma pergunta – procurar ter antes uma resposta para validar.
- Escrever com correção gramatical no chat – não são SMS entre amigos.
- Manter tom e palavras de respeito – assim quaisquer perguntas ou comentários são válidos.
- Submeter trabalhos como e quando pedidos – de outra forma não servem o seu propósito, a avaliação.
- Ler antes de responder – qualquer que seja o pedido ou trabalho deve ser bem entendido e, em caso de dúvida, pedir esclarecimento.
- Pensar bem antes de escrever (ou falar) – não é preciso, nem útil, ser precipitado. A rapidez não significa competência.
- Gentileza e educação ficam sempre bem – como em tudo.
- A câmara deve estar sempre ligada e o microfone desligado sempre que não seja preciso falar – a câmara desligada pressupõe não participação e o microfone sempre ligado introduz ruído desnecessário. Auriculares com microfone evitam ruídos parasitas.
- Não se deve estar a consultar mails ou mensagens no telefone, nem a conversar com outra pessoa, enquanto estejam online – nota-se a falta de atenção.
- Os alunos devem ter presente que as vídeo-aulas têm o mesmo valor que as presenciais e, por vezes, podem ser a única forma de serem avaliados.
- A prática ajudará muito!
Espero que desafiem algumas destas boas práticas e que sintam o impulso de acrescentar outras, passando-as aos vossos alunos ou aos vossos professores ou formadores, consoante a função de cada um.
Boas vídeo-aulas!
Daniel Lança Perdigão, Fundador e Diretor da UpSideUp
Com mais de 30 anos de experiência profissional na área de sistemas de informação de gestão e com prática em formação, consultoria e na liderança de equipas, tem sempre tido a preocupação de desenvolver soluções que vão ao encontro das necessidades e desejos dos utilizadores.
Tem formação nas áreas de informática e gestão e tem continuamente desenvolvido competências, através da frequência de diversos cursos em várias universidades, nas áreas de comunicação e inovação.
Atualmente e desde 2011, gere e trabalha na empresa que fundou, tendo como foco principal o desenvolvimento pessoal e organizacional, em especial baseado numa boa comunicação, de que destaca a comunicação visual como principal elemento.
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