É incontestável o papel extraordinário que as novas tecnologias desempenharam ao longo desta fase pandémica, sobretudo com os grupos seniores e de maior cuidado. No entanto, também é importante recordar que estas novas formas de proximidade não conseguem substituir a realidade afetiva que sentimos quando estamos lado a lado, presencialmente.

A função do “ONLINE”, simplificando a linguagem tecnológica, serve para resolver situações pontuais ou até mesmo urgentes, mas nunca para tomar conta do território “ONLIFE”. Este território é onde interpretamos melhor a comunicação e olhamos com o coração. É onde sentimos o que devemos transmitir naquele preciso momento, sem correr o risco de más ligações de internet nem de outros impedimentos técnicos.

É tempo de colocar como prioridade a proximidade afetiva com os nossos. O convívio presencial e regular com familiares e amigos é essencial para que as nossas interações ganhem vivacidade. 

Todos podemos entender, após esta experiência pandémica, os impactos negativos que o distanciamento presencial, e até emocional, provocou em todas as idades. Hoje compreendemos melhor o valor da linguagem não-verbal, cuja carga afetiva é enorme. 

A tecnologia não consegue captar com clareza a ansiedade, o receio, a tristeza, a angústia, entre outros sentimentos e emoções, ao contrário do contacto presencial, que nos permite decifrar melhor as mensagens que não são proferidas verbalmente e, por vezes, alertar para as necessidades e preocupações que o outro não nos diz explicitamente.

Um olhar compreensivo e atento só é verdadeiramente sentido quando estamos lado a lado. Uma palavra de conforto e esperança só é genuinamente acolhida pelo outro quando acompanhada de uma proximidade física, como um toque nas mãos ou um abraço.

Uma gargalhada só pode ser partilhada com alma se sentirmos as nossas vibrações e as da outra pessoa com quem partilhamos esse momento de alegria.

É tempo de voltar ao ONLIFE. 

Porque, como disse a raposa ao Principezinho no livro “O Principezinho” de Antoine de Saint-Exupéry:

“… só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos”.

Precisamos de estar perto e à distância de um toque, das pessoas que nos são queridas, para conseguirmos ver com o coração.