“Fomos iludidos a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico amor é saber desapegar, amor é liberdade para amar sem prender, para amar permitido ao outro voar!”. Permita-se voar, com este texto de Sónia Machado Araújo.

- Já não espero ninguém! Estou só a usufruir a brisa passar...

- Não tens família?

- Tenho! Deixei de esperá-los...

- Estão zangados?

- Não! Estamos resolvidos, de bem... com a vida!

- Como assim?

- Aprendi com os anos de caminho que não devemos esperar ninguém!

- Mas... uma mãe deve esperar sempre os seus filhos...

- Por muitos anos achei que sim... depois aprendi que só esperámos na ilusão de posse...

- No dia em que entendemos que ninguém pertence a ninguém, que até os filhos são do Universo...

- Passámos a ser livres para receber, sejam os filhos ou tudo o que a vida nos reserva!

- E quando os filhos não chegam?

- Quem nada nem ninguém espera, tudo é só vida a acontecer...

- É difícil de entender!

- Eu sei. Fomos iludidos a sentir amor como apego, quando a verdade é que o autêntico amor é saber desapegar, amor é liberdade para amar sem prender, para amar permitido ao outro voar!

- E não sentes solidão?

- Ela não existe para quem resgatou para si o direito de também continuar a voar...

- E hoje, mesmo de forma diferente, aceito e ajusto e continuo a permitir-me ao meu voo!

- E quando não conseguires?

- Eu acredito que a quem se permite a ser livre, a morte chegará leve, quando o meu corpo físico deixar de poder voar, partirei de regresso a casa!

- E sabes...

- Acredito também que esse é o propósito da vida, nunca deixar de voar,

- Para em alma voo para sempre Ser!

- Até lá...

- Vou continuar a usufruir, simplesmente, a brisa passar..."

Sónia Machado Araújo