Ouvir e aprender com os Seniores, que passaram por situações semelhantes e igualmente traumáticas ao longo da vida, torna-se mais do que nunca indispensável.
Indispensável para conseguirmos entender que ter ambição profissional, política e financeira nem sempre é uma virtude. Muitas das vezes transforma-se silenciosamente num vício ou numa adição, em que a desmedida necessidade de poder e de controlo sobre tudo e sobre todos é simultaneamente um meio e um fim em si mesmo.
Escutar as lições de vida, que os seniores ainda nos podem ensinar, sobre os verdadeiros significados das palavras “virtude” e “valores humanos”, é um exercício de respeito e compaixão.
Respeito pelas circunstâncias de vida que os levaram a tomar decisões, algumas acertadas, outras erradas e outras inevitáveis. Respeito pela resistência e resiliência face aos problemas que tiveram que enfrentar. Respeito pelos fracassos e erros cometidos, que os momentos de fragilidade lhes roubaram a lucidez para fazer melhor.
Compaixão para não julgar o que não vivemos em carne própria. Compaixão para reconhecer que as suas incoerências, entre o que diziam e o que faziam, eram também fruto das suas limitações e até da sua frustração em não conseguirem admitir os seus próprios receios e/ou erros. Compaixão para homenagear a sua bravura e a sua perseverança em tentar dar-nos o que muitos deles nunca receberam.
Talvez, se ao longo da História tivéssemos dado voz àqueles que com ela foram aprendendo os significados reais dos valores humanos, talvez hoje já não se confundisse ambição com a mera obtenção de dinheiro, de poder e de sucesso pessoal/profissional.
Talvez hoje, ambição pudesse ser sinónimo de propiciar o bem-estar comum, de assumir a responsabilidade pelo desenvolvimento da sociedade e de tolerar as diferenças.