Após muitos anos de preparação, os projetos do próximo Centro Ismaili em Houston foram apresentados esta semana, num evento especial realizado no Texas e transmitido ao vivo para todo o mundo. A respeitada equipa de planeamento do projeto partilhou os planos para o edifício e jardins do local com os funcionários públicos, representantes da comunidade, arquitetos, líderes da sociedade civil e os meios de comunicação social.

Al-Karim Alidina, Presidente do National Council dos Estados Unidos, expressou a sua gratidão a Mawlana Hazar Imam pela construção do primeiro Centro Ismaili nos EUA e manifestou as suas expectativas quanto ao significado que o mais recente bem cultural de Houston terá para o Jamat, os seus vizinhos e a comunidade em geral.

"Este centro foi concebido", disse ele, "com o objetivo de servir como Jamatkhana para a comunidade Muçulmana Shia Ismaili se reunir para orações, busca espiritual e contemplação; bem como um centro cultural e embaixador da cidade e do estado, impulsionando a partilha de conhecimento e a parceria de pensamento".

O novo Centro expressará de uma forma física o compromisso do Jamat em construir uma sociedade pluralista e em encontrar formas de unir pessoas e culturas diversas. "Será um local de encontro para a comunidade Ismaili, onde pessoas de todas as crenças serão bem-vindas", acrescentou o Presidente Al-Karim.

Juntando-se a uma rede de locais prestigiados localizados em Londres (Reino Unido), Lisboa (Portugal), Dubai (EAU), Dushanbe (Tajiquistão), Vancouver e Toronto (Canadá); o Centro em Houston - através da sua forma e função excecionais - reconhecerá os 1.400 anos de história do Jamat, ao mesmo tempo que incorporará as aspirações esperançosas da comunidade Ismaili.

Diálogo sob diversas formas       

A internacionalmente aclamada arquiteta Farshid Moussavi, que foi selecionada em 2019 como a arquiteta principal do Centro, explicou o contexto mais amplo e o processo de pensamento da equipa por detrás dos planos recentemente revelados. 

"Tive a sorte de trabalhar em diferentes áreas com Sua Alteza durante cerca de 11 anos - primeiro através do Prémio Aga Khan", disse ela. "Fiz parte do Júri, depois fiz parte do Comité de Direção durante dez anos. Na altura, não sabia realmente que isto me iria preparar para esta tarefa", continuou Moussavi.

"Tentámos trabalhar com a filosofia do design islâmico e celebrar a sua singularidade e qualidades únicas, bem como as características que tem em comum com o design ocidental, para que o edifício, tanto através do seu tecido como pela forma como é utilizado, constituísse um símbolo de diálogo".

O design do Centro é contemporâneo, mas reflete um património arquitetónico rico e historicamente enraizado. Combina tecnologia arquitetónica moderna com formas e ornamentos tradicionais persas, incluindo mosaicos de cerâmica e telas de mashrabiya.   

O interior do edifício incluirá três átrios que funcionarão como espaços comuns e flexíveis, entre salas dedicadas a eventos específicos. Cada um é concebido de modo a preencher o coração do edifício com luz natural e a visibilidade do céu.         

"O Centro elevará, novamente, Houston no mapa mundial como uma cidade global onde pessoas de todas as origens se podem reunir", refletiu o Presidente da Câmara de Houston, Sylvester Turner, nas suas declarações.

"Esta noção de aprender e aceitar as diferenças entre povos e comunidades, aquilo a que chamamos de pluralismo, é central para a visão de sua Excelência o Aga Khan, para a sobrevivência de um mundo cada vez mais interligado", continuou ele. "A comunidade Muçulmana Ismaili em Houston e nos Estados Unidos continua a renovar os valores que estes Centros visam promover - amizade, serviço e compreensão mútua".           

O arquiteto de renome, Paul Westlake, descreveu o edifício como um "instrumento para elevar o espírito humano", e "um símbolo dos valores e das virtudes da fé Ismaili". Acrescentou que se tratava de "arquitetura como arte", chamando a atenção para os belos espaços, geometria sofisticada, materiais autênticos e trabalho altamente artesanal. "É inspirador e contemplativo e silenciosamente monumental", um edifício que será reconhecido internacionalmente.

Aberto de todos os lados

Uma característica única do novo Centro é a inclusão de três eivans, ou varandas retangulares cobertas, comuns em edifícios persas, suportadas por 49 colunas finas - encorajando os visitantes a reunirem-se nas áreas exteriores do edifício para apreciarem as paisagens dos jardins e da cidade.             

Ao estarem abertos de todos os lados e visíveis de todas as abordagens, os eivans tornarão o Centro Ismaili aberto e convidativo em todas as direções.

À noite, irão transformá-lo num farol de luz ao longo da Montrose Boulevard e Allen Parkway, em Houston.

A estrutura contém aço exposto envolto em betão para sustentabilidade e longevidade, assegurando um ciclo de vida de 100 anos ou mais.

Externamente, as paredes de pedra de cor clara do Centro, descritas como uma "tapeçaria em pedra", contêm alcovas e telas, permitindo que o calor de Houston se dissipe, ao mesmo tempo que proporciona sombra e ventilação.    

De onde quer que se entre no local, os visitantes serão recebidos por espaços ajardinados. O conceito de um edifício centralmente localizado rodeado de jardins faz parte do património arquitetónico do mundo Muçulmano há muitos séculos.   

"A relação entre a construção e a natureza é uma característica importante da arquitetura Persa, e também do Islão", observou Moussavi. "Tomámos essa harmonia entre os dois como um dos pontos de partida do projeto".        

Os jardins paisagísticos do Centro proporcionarão uma sensação de serenidade e paz, oferecendo uma pausa dos seus arredores urbanos. Incluirão várias áreas com árvores de carvalho e pessegueiros, fontes, canteiros, relvados, passadiços e um grande anfiteatro num relvado fundo. Estes serão espaços de tranquilidade, providenciando o rejuvenescimento da mente e do espírito.                

O arquiteto paisagista do projeto, Thomas Woltz, afirmou que o design do Centro faz lembrar paisagens de inspiração islâmica, mas a horticultura é indígena do Texas, permitindo ao Jamat identificar-se com as suas raízes e tradições históricas enquanto se relaciona com o seu ambiente local.

Perspetivou que seria uma "paisagem alegre cheia de cor, durante todo o ano".
"É minha sincera esperança", acrescentou o Sr. Woltz, "que este projeto traga uma maior compreensão sobre a beleza e complexidade da história do mundo Muçulmano". 

O edifício e os seus jardins terão como objetivo construir pontes através do intercâmbio intelectual, acolhendo concertos, recitais, peças de teatro, atuações, exposições, conferências, seminários, conversas, lançamentos de livros e encontros comunitários.

"O Centro Ismaili de Houston, é um belo e intemporal presente para o Jamat e para a comunidade local em Houston, e sinto-me honrado por fazer parte do projeto de construção", disse Hanif Kara, engenheiro estrutural e professor na Harvard Graduate School of Design.            

"A sua conceção reflete os valores e aspirações da comunidade Ismail aqui e em todo o mundo. Respondendo às necessidades da época, a equipa que desenvolveu o projeto concebeu uma solução que é produtiva, relevante, e que terá impacto na próxima geração".

À medida que o evento foi concluindo, a audiência ficou ansiosamente a antecipar o início das obras de construção e paisagismo do mais recente Centro Ismaili, que a seu tempo se tornará um marco de boas-vindas, no país e na vida do Jamat nos Estados Unidos.

"À noite, o edifício brilhará como uma lanterna, convidando ao seu interior", articulou a Sra. Moussavi. "Será um monumento para abertura e para o diálogo".