Num mundo em constante inovação tecnológica, as crianças e os jovens cresceram na era da Internet, tecnologias e redes sociais. Como pais, regularmente pedimos-lhes para pousarem o telemóvel ou não passarem tanto tempo nas redes sociais. Mas qual o impacto destas limitações na sua vida adulta?

Em algum momento da sua vida, todas as crianças já ouviram os pais a dizer “já chega. Pousa o telemóvel” ou “mais 10 minutos de televisão e depois vais fazer os trabalhos de casa.” Os pais dizem tais frases de forma bem-intencionada e com o objetivo de zelar pelo bem-estar dos seus filhos. Porém, recentes estudos revelam que o uso excessivo de tais expressões ou a imposição alargada de restrições ao uso de tecnologias pode revelar-se ineficaz no seu futuro.

De facto, numa nova pesquisa realizada pela Universidade do Colorado, Boulder sugere que tais restrições têm pouco efeito relativamente ao uso das tecnologias mais tarde na vida dos seus filhos, e que “os receios” de um “'vício em tecnologia'' generalizado e duradouro podem ser exagerados.
O estudo procurou responder à questão: “Existem muitas pessoas que se tornam viciadas em tecnologias quando são novas, que continuam viciadas na sua vida adulta”? A resposta é “não”, diz-nos Stefanie Mollborn, professora de sociologia do Institute of Behavioral Science e investigadora principal deste estudo.

É, ainda, importante referir que o estudo foi conduzido antes da pandemia, que resultou em aumentos dramáticos no uso da tecnologia, uma vez que milhões de alunos foram forçados a ter aulas e a socializar online. No entanto, os autores dizem que as descobertas devem servir de consolo para os pais preocupados com todo o tempo extra de ecrã.

"Esta pesquisa aborda o pânico moral sobre o uso das tecnologias e da Internet que vemos com tanta frequência", diz-nos Joshua Goode, co-investigador do estudo. "Muitos desses medos eram desvalorizados e vistos como “anedóticos”, mas agora que temos acesso a mais dados e informações, estes medos não se estão a confirmar”.

Na verdade, de acordo com estudos anteriores, desde 1997, que o tempo gasto com tecnologia digital aumentou 32% entre as crianças de 2 a 5 anos e 23% entre as de 6 a 11 anos. Mesmo antes da pandemia, os adolescentes passavam 33 horas por semana a utilizar tecnologia digital fora da escola.

Deste modo, é importante refletir sobre as conclusões deste estudo e perceber que, embora os nossos filhos passem muito tempo de volta das tecnologias, especialmente agora, que são forçados a tal, o mesmo não implica que no futuro serão viciados nas mesmas. Por isso, apesar de, como pais, continuarmos a zelar pelo bem-estar dos nossos filhos, não devemos ficar demasiado focados neste facto. Ao invés, por exemplo, podemos estipular horários, momentos específicos e pausas para que não passem um longo período de tempo à frente dos ecrãs e para que possam descansar a cabeça e os olhos e, consequentemente, crescerem saudáveis.

Fonte: https://medicalxpress.com/news/2020-11-parental-restrictions-tech-effect...