Não importa o quão forte és. Quando o teu filho é diagnosticado com dificuldades de aprendizagem, sentes-te zangado, frustrado, irritado, desiludido. Por vezes, existem sentimentos de culpa, vitimização e desânimo pelo que a vida te trouxe. Este tipo de comportamento e sentimento são inteiramente aceitáveis e compreensíveis, neste contexto. Contudo, quanto mais rápido aceitares e seguires em frente, sendo proactivo consoante as circunstâncias, melhor será para ti e para o teu filho.
A minha primeira sugestão será ler, pesquisar e relacionar com outros que partilham experiências semelhantes. Informares-te e aprenderes tudo o que conseguires sobre aquela dificuldade específica. Quanto mais souberes, melhor. Estarás numa melhor posição e plenamente equipado para defender o teu filho. Estarás apto para discutir e negociar com a escola, sabendo o que funciona melhor para o teu filho; saberás, também, que direitos ele tem para usufruir de um currículo integrado e que tipo de apoio específico pedir.
Segundo: focar nas qualidades do teu filho. Crianças com necessidades especiais têm vários atributos e aptidões positivas e algumas limitações. Foca-te no que o teu filho faz melhor, “apanha-o” a fazer bem as tarefas e elogia-o por isso. Esforça-te por trabalhar nas limitações e lembra-te de celebrar todas as vezes que existe uma vitória, todas as vezes que o teu filho alcançar uma etapa.
Muitas vezes, mudar a nossa perspetiva muda o quadro todo. Uma criança com diferentes capacidades pode ser vista como um problema, ou uma vítima, ou pode ser vista como alguém que está programada e funciona de forma diferente dos outros. Portanto, é fundamental aceitar a diversidade e persistir para o sucesso no seio das capacidades individuais. A tua criança é única, uma criança que vê o extraordinário no mundo e, se escolheres aprofundar o teu olhar, poderás entender que o teu filho esconde maravilhas nele. Habitualmente, estas crianças são bastante artísticas e criativas. O seu nível de raciocínio pode ser bastante elevado e interessado nas questões filosóficas: como o mundo funciona, na equidade e na justiça e, muitas vezes, as suas mentes residem nesta complexidade.
Terceiro: pede e aceita ajuda. Trabalha com profissionais qualificados e implementa as suas sugestões e recomendações. Tu, o terapeuta e os professores, são uma equipa e deverão estar na mesma página, falar a mesma língua e reforçar os mesmos objetivos, estratégias e técnicas para atingir o mesmo resultado - desenvolver o potencial do teu filho.
Ensina o teu filho a estabelecer objetivos e torna-os visíveis, ao escrevê-los ou desenhá-los; debatam como atingir e acompanhar o progresso. Ao longo do processo, faz ajustes, se necessário.
Entende que tipo de aprendiz é o teu filho. Aprendiz cinestésico, visual ou auditivo? Entender o estilo de aprendizagem do teu filho irá permitir negociar melhor com as escolas, nas estratégias que serão implementadas para que o teu filho possa evoluir mais rapidamente, no seu percurso académico.
Conversa, discute e educa a inteligência emocional do teu filho, falando sobre os sentimentos e fazendo perguntas como “O que são as emoções?”, e identificando-as. “Onde as sentes, no teu corpo? Que ações são adequadas, quando temos emoções intensas? O que não é permitido?”.
Crianças com elevada inteligência emocional têm maior taxa de sucesso na vida, quando comparadas às que não sabem lidar com o seu estado emocional. Crianças emocionalmente inteligentes são resilientes, são capazes de compreender o seu próprio corpo, sabem que ações e táticas adotar antes de agir e são capazes de ajustar o seu comportamento para uma resposta adequada e em conformidade com as circunstâncias.
Outro aspeto importante é ensinar o teu filho sobre resolução de problemas. Que plano/escolhas pode o teu filho adotar, quando tem uma discussão com outra criança? Alguns exemplos podem ser: ir-se embora, acalmar-se, falar sobre o assunto, negociar, ignorar, pedir desculpa. Reforça o vocabulário e faz dramatizações (role play) frequentemente com o teu filho para que ele seja capaz de aplicar estas opções na vida real. Uma criança que é equilibrada emocionalmente e sabe resolver conflitos de uma forma positiva, independentemente das limitações em questão, será muito mais bem-sucedida na vida, e enquanto adulto, do que as que não são resilientes. Terão a capacidade de construir relações duradouras ao longo da vida.
Conversa abertamente com o teu filho sobre as suas forças e fraquezas, ensina o teu filho a listar os seus atributos e traços favoritos e trabalhem em conjunto nas limitações. Uma criança que conhece os seus talentos tornar-se-á um adulto confiante e assertivo, com mestria em advogar por si (exemplo: pedir um lugar à frente, na sala, pedir uma avaliação oral, em vez de uma avaliação escrita).
Educa e forma o teu filho para sucesso na vida, em vez de sucesso na escola. Para ter êxito na vida, é necessário uma autoimagem saudável, uma capacidade para reconhecer os seus próprios dons e limitações, domínio na relação com os outros e capacidade para criar relações construtivas. Estas habilidades não são tão fáceis de quantificar como as notas académicas e classificações de exames, pois estão no cerne do que nos torna humanos, em toda a sua complexidade.
Foi-te concedida uma criança novinha em folha, um ser humano exclusivo que poderás criar e influenciar ao longo de uma vida. Não percas a oportunidade de educar um ser humano bondoso, que será capaz de pintar a tela da sua vida repleta com as cores da esperança, felicidade, força, perseverança e determinação, e que será o capitão da sua vida. Como disse, um dia, Ann Landers “Não é o que tu fazes pelos teus filhos, mas o que tu lhes tens ensinado a fazer por eles próprios que os tornará em seres humanos bem sucedidos”.
Votos de sucesso na vossa jornada parental,
Karima Juma
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